Prosperidade e crenças
- Giulie Oliveira
- 22 de jan. de 2019
- 2 min de leitura

Trago aqui um texto para Reflexão:
O não-ser
Um monge que andava buscando pediu a um mercador uma esmola.
O mercador se deteve, por um momento e, ao dar-lhe o que pedia, perguntou ao monge: “Como é possível que você me peça o que lhe falta para viver e, no entanto, precise menosprezar a mim e ao meu modo de vida, que lhe proporcionamos isso?
” O monge lhe respondeu: “Em comparação com o Último que busco tudo o mais me parece pequeno”.
Mas o mercador perguntou ainda: “Se existe um Último como pode haver algo que alguém possa buscar ou encontrar como se estivesse no fim de um caminho? Como poderia alguém sair ao seu encontro e apossar-se dele, como se fosse uma coisa entre outras muitas, mais do que muitos outros? E, inversamente, como poderia alguém afastar-se desse Ultimo, ser menos conduzido por ele ou estar menos a seu serviço do que as outras pessoas?
” O monge retrucou: “Encontra o Último quem renuncia ao próximo e ao presente”.
Mas o mercador ainda ponderou: “Se existe o Último ele está perto de cada um, mesmo que esteja oculto no que nos aparece e no que permanece, assim como em cada ser se oculta um não-ser e, em cada agora, um antes e um depois. Comparado ao ser, que experimentamos como fugaz e limitado, o não-ser nos parece infinito, como o de onde e o para onde, comparados ao agora. Porém o não-ser se revela a nós no ser, assim como o de onde e o para onde se revelam no agora. O não-ser, como a noite e como a morte, é um começo desconhecido e só por um breve instante, como um raio, nos abre o seu olho no ser. Assim também, o Último só se aproxima de nós no que está perto e brilha agora.
” Então o monge perguntou, por sua vez: “Se fosse verdade o que você diz, o que nos restaria ainda, a mim e a você?
" O mercador respondeu: “Ainda nos restaria, por algum tempo, a Terra’’.
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